Todos nós já ouvimos falar de hipertensão arterial e dos seus malefícios para a saúde do ser humano. E a hipotensão? Será que também envolve riscos?

 

Um indivíduo de meia-idade tem uma pressão arterial normal “máxima” de 120 a 130 mmHg e “mínima” de cerca de 80 mmHg. A pressão máxima – ou sistólica – é o limite mais alto de pressão que se alcança no sistema circulatório, quando o coração, durante a sístole, empurra o sangue contido na aorta. A pressão mínima – ou diastólica – é, pelo contrário, o limite mínimo de pressão, alcançado no momento anterior à sístole, quando a maior parte do sangue fluiu para os pequenos vasos da periferia. Esta premissa é necessária para poder definir os conceitos de hipertensão e hipotensão.

CONCEITO DINÂMICO

Fala-se de hipotensão sempre que a pressão máxima de um indivíduo é inferior a 100 mmHg. Na realidade, a hipotensão é um conceito dinâmico, isto é, deveria ser entendido por hipotenso um indivíduo cuja circulação sanguínea é insuficiente para as necessidades do organismo; isso exige que se diga que, em determinadas condições – esforços físicos, mudanças bruscas de posição, etc. –, os tecidos e, sobretudo, o cérebro, órgão muito sensível à escassez de oxigénio, não recebem, nestes indivíduos, o afluxo suficiente de sangue.

Há casos de indivíduos que, ainda que apresentando uma pressão arterial baixa, não manifestam perturbações. Estas pessoas são hipotensas relativamente aos valores normais de pressão – e o médico refere-se a eles como hipotensos essenciais –, mas são, na prática, indivíduos perfeitamente normais.

Outros, pelo contrário, ressentem-se com estes baixos níveis de pressão arterial. O sangue avança pelos vasos com menos força e, por consequência, os tecidos dispõem de uma quantidade de oxigénio inferior à normal. Daqui se originam, sobretudo no que diz respeito ao cérebro, todas as perturbações dos hipotensos.

OS SINTOMAS

Para estes indivíduos, a manhã é o momento mais difícil – quando todos temos a tensão mais baixa –, sentem-se cansados, mal dispostos e bocejam com frequência; qualquer trabalho físico implica um grande esforço e toma-se necessária uma grande força de vontade para o empreender. A concentração mental também exige um esforço notável. São frequentes o rubor e a transpiração. A dor de cabeça é muito frequente e também se acentua a sensibilidade ao frio.

Depois das refeições, sobrevem uma sonolência, por vezes, irresistível. Isto explica-se pelo facto de, após uma refeição, afluir ao aparelho digestivo uma grande quantidade de sangue, reduzindo-se ainda mais a afluência de sangue ao cérebro, de tal modo que tanto a atividade física como a intelectual ficam adormecidas. Pela mesma razão, ao realizar esforços físicos, podem sobrevir sonolência ou mesmo perda de conhecimento.

A EXPLICAÇÃO

Como se explica, então, a hipotensão nos sujeitos que, quanto ao resto, são perfeitamente saudáveis? Em geral, os indivíduos que têm a tensão baixa são de aspeto longilíneo, isto é, são sujeitos de altura normal ou superior à normal, magros e com pouco desenvolvimento muscular.

Porém, a constituição física não parece ser determinante. Há um outro fator a que há que prestar atenção: a insuficiência da parte cortical das glândulas suprarrenais, que é o lugar onde se produzem hormonas específicas encarregues da regulação da pressão sanguínea. Na hipotensão por insuficiência cortico-suprarrenal, obtêm-se bons resultados administrando ao paciente extratos hormonais de córtex suprarrenal.

COMO ATUAR

O uso de fármacos que, ao atuarem sobre o sistema nervoso vegetativo, determinam vasoconstrição influi favoravelmente na sintomatologia da doença.

Mas antes de mais, há que procurar restabelecer o equilíbrio do sistema neurovegetativo, com uma vida sossegada e regular, em que o sono encontre a sua justa medida. A alimentação deve ser rica em sal e pobre em bebidas. Recomenda-se refeições frequentes, não muito abundantes, para não ocupar o estômago em excesso. De manhã e depois de comer, é conveniente tomar uma chávena de café; um copo de vinho tinto, depois de cear, serve como relaxante. E muito importante ter uma hora de repouso após o almoço.

Por fim, são muito úteis a vida ao ar livre e o exercício físico. Entre os desportos, recomenda-se a natação. Também são muito benéficos a ginástica, as massagens, os duches frios e tratamentos termais de águas com alto teor em ácido carbónico.

Leia o artigo completo na edição de junho 2022 (nº 328)