Tem sido um prazer acompanhar o progresso de uma técnica que vi nascer e crescer e que hoje se tornou tão importante.

Artigo da responsabilidade do Dr. Luiz Toledo, Especialista em Cirurgia Plástica e Professor de Cirurgia Plástica Estética; Membro da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica Estética e Reconstrutiva

 

A cirurgia plástica teve um grande desenvolvimento no Brasil principalmente devido ao Professor Ivo Pitanguy, falecido aos 93 anos, em 2016. Pitanguy, como era conhecido em todo o mundo, elevou a especialidade a um nível de qualidade e seriedade que a fez ser aceite por especialistas de todas as áreas médicas, os quais antes a olhavam apenas como “perfumaria”, algo para agradar às vaidades das mulheres.

CIÊNCIA E BENEMERÊNCIA

O Professor trouxe ciência e benemerência, a começar pelo tratamento dos mais de 250 queimados no incêndio do Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, 1961. A cidade do Rio de Janeiro viu-se, do dia para a noite, diante da tarefa quase impossível de tratar um grande número de queimados ao mesmo tempo. 372 pessoas morreram na hora e, aos poucos, vários feridos morriam, chegando a mais de 500 mortes, das quais 70% eram crianças. Pitanguy, na época trabalhando na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, coordenou a assistência aos feridos, fazendo a triagem pela gravidade de cada caso, e atendendo a todos na medida do possível. Esse atendimento despertou a atenção mundial para a real importância social da cirurgia plástica.

Foi a partir deste desastre que a cirurgia plástica brasileira começou a ganhar notoriedade e passou a ser respeitada. Pitanguy fundou uma escola de cirurgia plástica, a qual formou, ao longo dos anos, mais de 500 especialistas de todo o mundo – hoje, há mais de 70 escolas, apenas no Brasil.

Pitanguy sabia como ninguém equilibrar o atendimento da cirurgia reparadora aos pobres da Santa Casa, com o atendimento de cirurgia estética aos que podiam frequentar a sua exclusiva clínica de Botafogo.

Foi dele o conceito de unificar as duas vertentes da cirurgia plástica, antes separadas, a estética e a reparadora. Segundo Pitanguy, não deveria haver separação. A cirurgia plástica é uma só e visa trazer o bem-estar ao ser humano, seja corrigindo uma cicatriz de acidente ou melhorando as rugas da face.

CAMINHO DIFÍCIL

A luta para fazer valer o lugar merecido da especialidade na medicina foi sempre muito difícil. A cada nova técnica apresentada, a série de críticas era como uma avalanche – no sentido contrário ao progresso da medicina.

Em 1985, cinco anos após o início da lipoaspiração no Brasil, comecei a fazer enxerto da gordura aspirada para aumentar outras partes do corpo e da face. Esse trabalho inicial em 214 pacientes foi mostrado pela primeira vez em Nova York, em 1987, num importante congresso da ISAPS – Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. Logo começaram as críticas e elas poderiam ter sido desanimadoras, se não fossem os resultados positivos que as cirurgias obtinham. Foram os bons resultados que nos levaram a continuar a pesquisar e ensinar.

Durante mais de 15 anos, dei aulas e cursos nos congressos das duas mais importantes sociedades americanas de cirurgia plástica, a ASPS e a ASAPS. Os alunos vinham de todas as partes do mundo e quando voltavam aos seus países começavam a repetir a nossa experiência e também a obter bons resultados.

Leia o artigo completo na edição de maio 2019 (nº 294)