A DPOC – doença pulmonar obstrutiva crónica – é uma doença largamente subestimada e subdiagnosticada, mas com pesados custos económicos e sociais.

 

A qualidade de vida e a realização de tarefas diárias tão simples como subir escadas ou brincar com os filhos pode ficar ameaçada pela doença pulmonar obstrutiva crónica. A DPOC caracteriza-se por limitações no fluxo aéreo (ar) que não é totalmente reversível, acompanhada por dificuldade respiratória, tosse e aumento da produção de expetoração.

Em Portugal, esta doença afeta cerca de 750 mil pessoas e é a sexta causa de morte. Na União Europeia, ocupa o quinto lugar e a nível mundial é a quarta causa de mortalidade. Calcula-se que, em 2030, será a terceira causa de morte nos países desenvolvidos, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.

Estudos recentes demonstraram também que uma em cada 10 pessoas com mais de 40 anos poderá, efetivamente, sofrer DPOC.

Associação com o tabaco

A DPOC está, normalmente, associada a hábitos tabágicos. Aliás, mais de 90% dos casos são provocados pela inalação de fumo, que acaba por inflamar as vias respiratórias. Verifica-se que a DPOC é mais prevalecente no sexo masculino e estima-se que atinge cerca de 10% da população portuguesa com mais de 40 anos.

São vários os fatores de risco, sendo os principais os hábitos tabágicos, os fatores genéticos, as infeções virais, a hiperatividade brônquica e a exposição a poluição ambiental.

O que se verifica na maior parte dos casos é que os doentes recorrem ao médico demasiado tarde, quando já está instalado o cansaço recorrente, o que acontece quando a DPOC já está numa fase avançada, na qual pouco se pode fazer para travar a sua evolução.

As ações de informação e sensibilização levadas a cabo pelos especialistas, associações de médicos e de pacientes, entidades de saúde e imprensa especializada são, por isso, muito importantes para aumentar o conhecimento da população em relação à DPOC.

Diagnóstico

O diagnóstico é baseado na história clínica e sintomática do paciente (este refere tosse com expetoração diariamente por 3 meses, durante pelo menos 2 anos consecutivos e tendo em conta que foram afastadas outras causas para a referida sintomatologia) e também pelo teste da função respiratória – a espirometria. Este teste permite aferir se existe limitação do fluxo aéreo e até que ponto comprometem as funções respiratórias. Consiste em soprar com toda a força para um equipamento (espirómetro) e aguentar o máximo até não ter mais ar para libertar.

Tratamento da DPOC

Os principais objetivos do tratamento da DPOC são: prevenir a progressão da doença, aliviar sintomas, aumentar a tolerância ao exercício, melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida, prevenir e tratar as exacerbações, prevenir e tratar as complicações e reduzir a mortalidade.

De acordo com Direção Geral da Saúde, a abordagem global da DPOC faz-se por degraus, de acordo com a gravidade da doença. Alguns desses degraus são os seguintes:

  • Face à progressão da DPOC, é comum a introdução progressiva de um maior número de modalidades terapêuticas, farmacológicas, com o objetivo de minimizar o impacto da progressão;
  • A educação do doente é eficaz na melhoria do estado de saúde e da sua capacidade para lidar com a doença, sendo particularmente útil na cessação tabágica”;
  • Os fármacos broncodilatadores são fundamentais para o alívio sintomático;
  • Todos os doentes com DPOC beneficiam de reabilitação respiratória, já que melhoram a sua capacidade de exercício e a dispneia”;
  • Nos doentes com insuficiência respiratória crónica, quando estabilizados, a oxigenoterapia de longa duração – mais de 15 horas/dia – melhora a qualidade de vida e aumenta a sobrevida.

Mobilidade na administração de oxigénio

Um doente respiratório dependente de oxigénio pode ser ativo, desde que com as ferramentas corretas. As empresas produtoras de oxigénio e dos respetivos equipamentos têm investido em tecnologias que, além de permitirem administrar o oxigénio essencial à estabilidade clínica do doente, também ajudam à mobilidade, ao exercício reabilitador e ao próprio convívio familiar. São equipamentos pequenos, de fácil transporte, que permitem a realização da terapia em qualquer lugar.

Leia o artigo completo na edição de junho 2021 (nº 317)