A Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) adverte que os doentes com doenças cardiovasculares constituem, tal como os idosos – eles próprios frequentemente portadores dessas doenças –  um grupo com maior risco de contrair a infeção pelo coronavírus COVID-19, com acréscimo significativo de complicações e de mortalidade, que pode atingir 10,8% comparada com 2,5% da população infetada em geral. O mesmo sucede com os doentes oncológicos, com doença respiratória crónica, diabetes e hipertensão arterial.

“As complicações cardíacas associadas à infeção por COVID-19 são aproximadamente idênticas às produzidas pelos vírus SARS, MERS e influenza, contudo o COVID-19 apresenta contagiosidade muito maior e mais rápida, sendo que, ao contrário da gripe por influenza, ainda não existe vacina disponível”, refere a Dra. Regina Ribeiras, vice-presidente da Sociedade Portuguesa Cardiologia.

É assim muito importante a sensibilização dos profissionais de saúde e dos doentes com doença cardiovascular crónica, seus familiares e cuidadores para o potencial de risco acrescido de contrair a infeção por Covid-19, bem como risco elevado de complicações, com o objetivo da adoção de medidas preventivas adicionais às estabelecidas para a população em geral.

Deste modo, as recomendações divulgadas a toda a população pela DGS devem ser seguidas com especial atenção e rigor neste grupo de doentes portadores de doença cardíaca crónica, particularmente se idosos.

A Sociedade Portuguesa de Cardiologia vem sublinhar os seguintes pontos:

  • Evitar deslocar-se ao hospital ou centro de saúde a menos que seja estritamente necessário procurando contactar telefonicamente ou por via informática o seu médico assistente ou outros profissionais de saúde;
  • Permanecer no domicílio deslocando-se ao exterior apenas se estritamente necessário;
  • Mesmo no domicílio lavar as mãos com frequência, desinfetar regularmente os materiais tocados por outros (maçanetas de portas, corrimão, teclados de computador), evitar contactos interpessoais sobretudo se alguma suspeição de contágio, ainda que vaga;
  • Verificar a temperatura corporal do próprio e com quem contacte diariamente ainda que no mesmo domicílio, se alguma suspeição de contágio;
  • Promover medidas genéricas de estimulação imunológica nomeadamente alimentar-se bem, dormir adequadamente e reduzir os níveis de stress;
  • Insistir que é protetora a vacinação, neste subgrupo de risco, para o vírus da gripe habitual (influenza) e para a pneumonia bacteriana com a vacina pneumocócica, dado o risco acrescido de infeção bacteriana secundária à infeção pelo COVID-19.