Qual o destino de férias mais adequado para os doentes reumáticos? Saiba quais são os benefícios e os inconvenientes dos principais destinos de férias.

 

Para quem trabalha, as férias são indispensáveis. Sem férias, o corpo e, sobretudo, o espírito, fatigam-se e ficam sem capacidade para produzir trabalho mais produtivo e mais criativo.

Para os doentes reumáticos, tantas vezes limitados na sua vida, as férias são ainda mais necessárias, visto constituírem uma oportunidade para descansarem.

Os doentes reumáticos perguntam frequentemente aos seus médicos se devem gozar as férias na praia ou nas termas. A praia é muito agradável para pessoas saudáveis, mas nem sempre pode ser utilizada pelos doentes reumáticos.

PRAIA

Nalgumas doenças reumáticas, como por exemplo, o lúpus eritematoso sistémico (LES), a praia está totalmente contraindicada, dado que as radiações ultravioleta da luz solar poderem agravar a doença. Mas não é o lúpus a única doença reumática em que o sol é desaconselhado.

Os doentes com artrite reumatoide, com espondilite anquilosante e, de uma maneira geral, com doenças reumáticas inflamatórias agudas e crónicas, em fase de agudização, pioram na praia, pelo que não devem frequentá-la. Quando a doença está medicamente controlada, e sempre com consentimento médico, estes doentes podem fazer férias junto do mar, mas sem se exporem diretamente à luz solar.

Quais são, então, os doentes reumáticos que beneficiam com férias na praia? Verdadeiramente, só os doentes com osteoporose, uma doença descalcificante dos ossos, visto a luz solar ativar a vitamina D da pele, a qual é necessária para que o cálcio seja absorvido ao nível do intestino.

Os doentes com osteoartrose, particularmente aqueles que têm espondiloses, podem frequentar a praia onde habitualmente se sentem bem, visto o calor solar levar a um relaxamento muscular marcado. Todavia, os doentes com artrose são, por via de regra, idosos e frequentemente têm outras doenças (cardíacas, pulmonares, hepáticas, renais, etc.) que podem piorar na praia, razão que os deve levar sempre a aconselharem-se com os seus médicos assistentes antes de se exporem ao sol.

Muito importante é recordar que, deitados ou sentados na areia, devem estar sempre em posturas corretas, pois, de outro modo, a doença em vez de melhorar, piora.

Se a temperatura da água é da ordem dos 20-22ºC ou superior, e se o mar é calmo, a mobilização das articulações doentes dentro da água e a natação são muito úteis. Em mares em que a água é muito fria, como acontece na costa ocidental portuguesa a norte do Cabo da Roca, os doentes não devem tomar banho, visto os músculos se contraírem com o frio, levando ao agravamento das dores.

O banho de sol deve ser tomado entre as 9h e as 11h da manhã, ou à tardinha, entre as 17h e as 19h, e deve ser de duração progressiva, isto é, os doentes devem começar por tempos de exposição curtos (10m a 15m) e irem aumentando gradualmente a sua duração, até um máximo de 2h por dia.

TERMAS

As termas são usadas no tratamento das doenças reumáticas desde o tempo dos romanos, e embora não haja uma base científica para explicar o facto, a verdade é que os doentes artrósicos passam melhor os invernos subsequentes ao tratamento termal.

Independentemente do eventual efeito benéfico das águas medicinais, são muito importantes a mudança de local e de ritmo de vida. Esta verificação empírica é global em todos os países, em que as águas termais são largamente utilizadas, como na França, na Itália, na Alemanha Ocidental e nos países do Leste Europeu.

Não se julgue, porém, que o tratamento termal está indicado em todas as doenças reumáticas, pois verdadeiramente ele só é útil nas artroses. As termas estão contraindicadas em doentes com doenças reumáticas inflamatórias agudas e crónicas agudizadas, bem assim como em doentes com certos problemas cardíacos, renais, hepáticos, entre outros. Todavia, em certas doenças reumáticas inflamatórias crónicas medicamente estabilizadas, como por exemplo na artrite reumatoide e na espondilartrite anquilosante, a mobilização das articulações doentes dentro da água termal quente pode ajudar a reabilitá-las.

Porém e tal como acontece na praia, o tratamento termal só deve ser efetuado sob recomendação médica. Os médicos hidrologistas são os responsáveis pelo tipo e pela duração do tratamento termal a efetuar. É preciso, porém, que os doentes reumáticos, ao irem para as termas, não interrompam os tratamentos prescritos pelos seus especialistas em Reumatologia, como o pretexto de que os medicamentos já não são precisos.