Uma das situações mais dramáticas na saúde reprodutiva da mulher é a impossibilidade da conceção por insuficiência ovárica, por vezes, em idades muito precoces. A doação de óvulos é um dos métodos de tratamento indicados para resolver este problema, com taxas de sucesso assinaláveis.

Gravidez 2autorArtigo da responsabilidade do Dr. Paulo Vasco

Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Medicina da Reprodução, na AVA Clinic

Embora não existam estatísticas exatas em Portugal, estima-se que a infertilidade conjugal atinja cerca de 15% a 20% dos casais em idade reprodutiva. Esta incidência, considerada pela Organização Mundial de Saúde como problema de saúde pública, tem sido crescente nos últimos anos e atribuída a fatores diversos, dos quais se destacam o adiamento da maternidade (sobretudo a idade da mulher quando pensa ter o primeiro filho), o sedentarismo, a exposição crescente a tóxicos (álcool, drogas e tabaco) e a poluentes, à prevalência das doenças sexualmente transmissíveis e à diminuição da qualidade do esperma.

Uma das situações mais dramáticas na saúde reprodutiva da mulher é a impossibilidade da conceção por falência dos ovários (insuficiência ovárica), traduzida pela diminuição do número de ovócitos, por vezes muito precoce, e à sua fraca qualidade, na maior parte das vezes relacionada com a idade da mulher.

Esta situação começa a ter particular importância a partir dos 35 anos e culmina numa quase total impossibilidade reprodutiva a partir dos 42-43 anos. Existem também várias doenças genéticas e adquiridas, em particular as oncológicas, que são responsáveis por uma percentagem importante dos casais que necessitam de doação.

A doação de ovócitos é um dos métodos de tratamento indicados para resolver estes problemas na mulher, com taxas de sucesso que rondam 55-60% por tentativa, sendo que mais de 85% conseguem um filho com um ou mais tratamentos.

ELEVADO SUCESSO

A doação de ovócitos foi realizada pela primeira vez em 1983, na Austrália, numa mulher de 25 anos. Rapidamente se generalizou a todo o mundo, dado permitir ultrapassar, com elevado sucesso, as situações de infertilidade feminina relacionadas com a qualidade e quantidade ovocitária.

Inicialmente, este tratamento destinava-se a mulheres com falência ovárica, mas foi sendo alargado a outros grupos: mulheres com ausência congénita de ovários, sujeitas a ooferectomia, com risco de transmissão de doenças genéticas, síndroma de Turner etc. Nos últimos anos, também veio beneficiar as mulheres em idade reprodutiva avançada, com uma reserva ovárica reduzida ou já na menopausa. Por outro lado, a taxa de sobrevivência ao cancro tem vindo a aumentar e estas mulheres jovens com falência ovárica causada pelos tratamentos também têm indicação para doação de óvulos, com ótimos resultados.

Leia o artigo completo na Edição de Dezembro 2015 (nº 256)