As chamadas disfunções sexuais podem relacionar-se com alterações no desejo, na excitação e nas respostas a essa mesma excitação. Podem também estar relacionadas com o orgasmo e com a dor durante o ato sexual. São condições trazem consigo um grande sofrimento e impacto na vida do casal. É importante reconhecer e aceitar a ocorrência das dificuldades, para assim poderem ser minimizadas.

Artigo da responsabilidade da Dra. Catarina Lucas. Psicóloga Clínica

 

 

A forma como vivemos a sexualidade tem-se alterado muito ao longo das últimas décadas, sobretudo após a revolução sexual, que ocorreu entre 1960 e 1970, alavancada pela introdução da pílula contracetiva. Isto permitiu uma vivência mais livre e gratificante da sexualidade, sobretudo para a mulher, que ganhou espaço para o prazer e para vivenciar um papel mais parecido com o do homem.

Esta nova vivência da sexualidade trouxe uma maior associação entre o amor e a sexualidade, interligando-os. É por isso inegável a importância e influência que a sexualidade tem na qualidade das relações, bem como no bem-estar e na autoestima do indivíduo.

MEDO DA REJEIÇÃO E VERGONHA

Contudo, fomos também confrontados com novos desafios e problemáticas. Algumas novas, outras presentes desde sempre mas pouco faladas e raramente partilhadas entre os casais, já que a abertura à temática da sexualidade é recente.

Poucas vezes as pessoas têm iniciativa de procurar ajuda quando aquilo que está em causa são questões sexuais e, quando o fazem, tende a ser em situações com grande evolução clínica e nível de sofrimento muito elevado.

Este assunto é, muitas vezes, considerado inapropriado ou embaraçoso e abordá-lo em casal é extremamente difícil, existindo sempre o medo da rejeição e a vergonha. Quando existem dificuldades sexuais, é comum ocorrerem  e irritação.

EXPETATIVAS POUCO AJUSTADAS

Frequentemente, as pessoas têm padrões, crenças e expetativas relacionadas com a sexualidade pouco ajustadas, as quais conduzem a pensamentos, emoções e comportamentos disfuncionais no âmbito da atividade sexual.

Algumas crenças sexuais enraizadas dificultam a aprendizagem de um reportório sexual mais amplo e satisfatório, fazendo com que se gere um foco excessivo no coito genital.

Uma pessoa que possua crenças erradas sobre a sexualidade fica mais vulnerável a desenvolver ideias catastróficas acerca de uma eventual falha sexual, originando uma predisposição para o desenvolvimento de dificuldades sexuais.

As crenças e pensamentos negativos geram ansiedade antecipatória que, por sua vez, se refletirá na atividade sexual e interferirá no próprio desempenho, confirmando assim a crença inicial. É uma espécie de ciclo, do qual ficamos reféns e, neste ciclo, homens e mulheres são diferentes.

HOMENS E MULHERES SÃO DIFERENTES

As mulheres possuem mais crenças relacionadas com o papel da idade, a importância da imagem e ideias conservadoras. No homem, as crenças estão muito relacionadas com a ideia de desempenho ou a satisfação sexual do companheiro/a.

Assim, quando falamos em sexualidade, falamos numa multiplicidade de possibilidades e falamos também em disfunções sexuais. Estas podem relacionar-se com alterações no desejo sexual, na excitação e nas respostas a essa mesma excitação. Podem também estar relacionadas com o orgasmo e com a dor durante a atividade sexual.

Por norma, as disfunções interferem significativamente na vivência da sexualidade, generalizando-se muitas vezes a outros contextos da vida da pessoa, nomeadamente a vida familiar.

O QUE É, AFINAL, UMA DISFUNÇÃO SEXUAL?

Falamos em disfunção sexual quando uma pessoa não consegue concretizar a relação ou ato sexual de forma minimamente satisfatória para si ou para o companheiro/a.

A prevalência das disfunções sexuais é elevada, encontrando-se entre os 25% e os 65% a nível mundial.

Além desta prevalência elevada, existe ainda uma multiplicidade de causas, que podem passar pelos fatores físicos, emocionais ou cognitivos. Não raras vezes encontramos disfunções com causa mista, ou seja, que reúnem na sua origem fatores orgânicos e fatores psicológicos.

Estas condições trazem consigo um grande sofrimento e impacto na vida dos indivíduos, que além de viverem com o problema convivem também com a vergonha.

Leia o artigo completo na edição de fevereiro 2023 (nº 335)