Todos nós temos tarefas pendentes que resultam pouco apetecíveis. Mas ao procrastiná-las continuamente, a única coisa que conseguimos é bloqueio e angústia.

 

Desculpas como “faço amanhã” ou “faço quando estiver motivado”, “quando tiver tempo”, “quando estiver preparado”, são apenas armadilhas que nos levam a adiar as tarefas mais difíceis, sem considerar que, quanto mais depressa as acabarmos, melhor nos sentiremos e mais rapidamente iniciaremos outras atividades mais agradáveis.

Consequências do adiamento

A consequência imediata de procrastinar uma tarefa é o alívio por não ter de realizá-la. A ideia de fazer algo que não nos apetece cria-nos mal-estar e, como tal, tentámos evitá-lo, seja de que maneira for.

Ao adiar determinada atividade – seja ela doméstica ou profissional –, libertamo-nos temporariamente da sua carga, mas esquecemos os benefícios que obteríamos se a realizássemos imediatamente. Por exemplo, classificar e arquivar documentos da casa – faturas, contas, receitas médicas, etc. – pode ser uma tarefa pouco gratificante, mas se os deixarmos acumular, cada vez será mais penoso ordená-los e tornar-se-á quase impossível encontrar aquele que procuramos.

Saber que determinada tarefa nos espera atua como um constante aviso que nos enche de intranquilidade e inquietação. Além disso, os nervos de fazer as coisas sempre à última hora, as pressas e os imprevistos acabam por alterar o nosso equilíbrio emocional. A autoestima vê-se, assim, afetada pela sensação de inutilidade provocada pelo facto de não conseguirmos cumprir as nossas obrigações.

Mãos à obra!

As pessoas que tendem a adiar assuntos considerados importantes para o seu desenvolvimento pessoal ­ – cursos de formação profissional, deixar de fumar, fazer desporto, etc. – sentem-se, ao fim de algum tempo, insatisfeitas e inseguras, com a sensação de que não conseguem organizar o seu tempo nem progredir na vida.

Por vezes, também envolvemos outras pessoas, quando nos comprometemos com algo que nunca chegamos a realizar. Neste caso, podemos perder a confiança e o respeito dos demais.

Para se sentir eficiente, organizado e relaxado na sua vida quotidiana, além de decidido a cumprir os desejos de melhoria pessoal e profissional, há que passar à ação e começar por não evitar as tarefas mais aborrecidas ou difíceis. Uma boa forma de as abordar é tentar ver o seu lado agradável – há sempre uma perspetiva positiva – ou os benefícios que obterá uma vez concluídas.

Distrações “justificadas”

Uma maneira de escapar justificadamente à sensação de incómodo que se produz quando enfrentamos uma tarefa que não nos apetece é encontrando desculpas ou atividades falsamente prioritárias. Assim, substituímos essa tarefa por outras que resultam menos desagradáveis nesse instante.

Outras vezes, complicamos demasiado o processo de preparação da tarefa, com o objetivo de atrasar o seu início. Isto acontece, por exemplo, com tarefas de classificação, ordenação ou documentação, as quais, embora tenham o objetivo de facilitar a execução de um bom trabalho, acabam por eternizar-se. Estas ocupações criam a impressão de que estamos a trabalhar em vez de adiar, quando, na realidade, entramos apenas numa forma subtil de adiar a tarefa principal.

Medo do fracasso

O medo do fracasso leva-nos, por vezes, a não acabar aquilo que começamos. Ao encontrarmos dificuldades uma vez iniciada a empreitada, tendemos a interpretá-las como um sinal de que vamos ser mal sucedidos e, consequentemente, abandonamo-la.

O medo de nos enganarmos trava, igualmente, a iniciativa de agir, fazendo-nos esquecer que é preferível arriscar e falhar do que ter um fracasso garantido, por não nos atrevermos a desenvolver a tarefa.

Uma forma de vencer os nossos próprios temores é consciencializarmo-nos de que se aprende mais com os erros do que com os êxitos. Reconhecer os equívocos ajudar-nos-á a modificar os comportamentos e, em última análise, a melhorar.

Leia o artigo completo na edição de outubro 2019 (nº 298)