QUANDO UMA PESSOA ESTÁ DOENTE OU DEBILITADA, O CORPO NÃO CONSEGUE REAGIR NORMALMENTE AOS ESTÍMULOS SEXUAIS. O CANSAÇO E OS DISTÚRBIOS HORMONAIS ESTÃO ENTRE OS FATORES QUE PODEM REDUZIR O IMPULSO SEXUAL. ESTE ENCONTRA-SE, TAMBÉM, INTIMAMENTE LIGADO AO ESTADO PSICOLÓGICO DA PESSOA. MAS, COM A ABORDAGEM TERAPÊUTICA ADEQUADA, QUASE TUDO TEM SOLUÇÃO.

 

A satisfação sexual está intimamente ligada ao estado de espírito. Uma pessoa confiante e feliz aprecia os aspetos positivos e agradáveis da vida, incluindo a vida sexual. Para poder apreciar a atividade sexual, a pessoa tem de deixar de lado as suas inibições, ter intimidade com o parceiro e sentir-se descontraída e confiante em relação ao seu corpo.

Se a pessoa é infeliz, insegura ou está perturbada, o seu comportamento sexual é afetado. As preocupações com trabalho ou dinheiro podem gerar sentimentos de ansiedade; o mesmo se passa com os problemas da relação: não se dar bem com o/a parceiro/a, duvidar da fidelidade do outro ou sentir-se culpada/o por ser infiel.

Os problemas também podem ter origem na falta de autoestima no campo sexual. Um indivíduo que se acha pouco atraente, pouco experiente, muito velho ou muito gordo para dar ou receber prazer sexual acaba por não conseguir realmente ter prazer.

Perspetivas negativas sobre a sexualidade podem, também, impedir o prazer. Os pais, por exemplo, podem transmitir aos filhos a convicção de que a atividade sexual é imoral.

E há pessoas com problemas derivados de situações da infância não resolvidas: divórcio dos pais, falta de popularidade, perseguições na escola ou falta de amor na idade do crescimento. Embora possa parecer que estas questões não estão diretamente relacionadas com a vida sexual, elas podem ter um efeito profundo na autoestima e no comportamento da pessoa, ao chegar à idade adulta.

EFEITO DOS MEDICAMENTOS

Embora muitos problemas sexuais possam ser induzidos psicologicamente, outros há que são de natureza puramente física.

Por exemplo, vários medicamentos podem ter um efeito negativo na vida sexual. Entre 10 e 15% dos homens que tomam medicação anti-hipertensiva sentem diminuição do desejo sexual e dificuldades de ereção. Sabe-se, igualmente, que doses elevadas do mesmo tipo de medicamentos originam dificuldades de orgasmo nas mulheres.

Alguns dados sugerem que os medicamentos para a angina de peito causam dificuldades de ereção em cerca de 10% dos doentes. Outros medicamentos mais vulgares, como os anti-histamínicos, que secam as secreções nasais dos doentes, podem inibir a lubrificação vaginal e tornar o sexo doloroso. Os diuréticos, receitados para a insuficiência cardíaca congestiva, podem reduzir o desejo sexual e causar problemas de ereção em 20 a 25% dos doentes do sexo masculino. A medicação para as úlceras pépticas pode reduzir os níveis de testosterona e provocar problemas de impotência, em cerca de 12% dos doentes do sexo masculino. E a medicação usada na epilepsia pode provocar disfunções sexuais e reduzir o desejo sexual, em homens e mulheres.

Quando as pessoas têm dificuldades sexuais devido a um medicamento receitado pelo médico, este pode reduzir a dose ou alterar a medicação. As pessoas reagem de forma diferente e nem todas sofrem os mesmos efeitos secundários com o mesmo medicamento. Na maioria dos casos, é possível encontrar um medicamento que trate uma doença, sem afetar o comportamento e a reação sexual.

Álcool e desempenho

Embora o consumo de álcool possa tornar as pessoas menos inibidas, os seus efeitos negativos no desempenho sexual estão amplamente documentados. O álcool, após o efeito euforizante, deprime o sistema nervoso; por isso, depois de algumas bebidas, as pessoas têm reações sexuais diminuídas, o que dificulta o orgasmo.

O álcool também dilata os pequenos vasos sanguíneos em todo o corpo, o que significa que o afluxo e acumulação de sangue no pénis e nas paredes da vagina é menor. Assim, pode ser difícil aos homens manter a ereção e às mulheres ter lubrificação vaginal. A menor lubrificação vaginal também é causada pelo efeito desidratante do consumo de bebidas alcoólicas.

Segundo os terapeutas americanos Masters, Johnson e Kolodny, em 40 a 50% dos homens alcoólicos, o impulso sexual é reduzido ou inexistente. Isto acontece porque as toxinas do álcool afetam diretamente a testosterona, a mais importante hormona sexual masculina; os testículos encolhem e a produção de testosterona diminui muito. Além disso, estes níveis mais reduzidos de testosterona são rapidamente destruídos pelos níveis aumentados de enzimas hepáticas, outro efeito secundário do alcoolismo. Nas mulheres alcoólicas, 30 a 40% declaram ter problemas de excitação sexual e cerca de 15% afirmam ser incapazes de atingir o orgasmo ou sofrer uma redução significativa da intensidade e frequência do orgasmo.

Leia o artigo completo na edição de fevereiro 2020 (nº 302)