Aprenda a gerir os conflitos conjugais e também os originados no trabalho ou na família. O segredo está na capacidade de negociação.

 

Cada vez que se entra em desacordo no âmbito familiar, laboral ou social, as relações correm o risco de deterioração, se não se intervém para que isso não aconteça. Os conflitos mal resolvidos criam ressentimentos que, a curto ou médio prazo, destroem muitas relações. Para evitá-lo, é essencial fazer frente ao distúrbio e não esconder as diferenças “debaixo do tapete”.

ATITUDES EXTREMAS

É perante uma discussão que se tende a adotar diferentes estratégias. Uma delas é ficar calado e engolir as palavras numa espécie de raiva passiva e contida. Também é típico libertar uma hostilidade arrasadora que não tem em conta a sobrevivência da relação. Ambas são atitudes extremas. A solução passa por saber negociar efetivamente, para que todas as partes envolvidas obtenham do conflito algo positivo e que vá de encontro aos seus interesses.

A negociação é uma habilidade de comunicação muito importante entre as destrezas básicas de uma relação amorosa, familiar ou laboral. A harmonia entre pessoas, seja qual for o contexto, depende acima de tudo da capacidade de “encaixe” dos implicados, mais do que das suas personalidades. Para quem acredita que certas discussões não podem ser evitadas, é importante aprender a dominar uma boa técnica de negociação.

Cinco passos essenciais

  1. Enfrentar o conflito

O conflito faz parte do processo de fortalecimento de uma relação, desde que bem gerido. Existem pessoas que se assustam com os conflitos porque não sabem negociar, mas o receio dissipa-se quando se aprende a gerir as quezílias.

No caso de conflitos entre casais, as negociações podem parecer mais arriscadas pela intensidade emocional que acarretam. Aceitar esse risco impede que, a longo prazo, a relação se destrua.

  1. Entender a postura um do outro

Há que colocar-se no lugar do companheiro/a e perceber o porquê da sua atitude, e até pedir alguns esclarecimentos, para que não haja espaço para mal entendidos. Com este tipo de atitudes colaborantes, demonstra-se um compromisso na gestão do conflito. Tendo respeito pelo outro, reduz-se a agressividade, além de se pensar mais racionalmente.

  1. Definir o problema

Cada uma das partes tem a sua definição do problema. Neste ponto, a tarefa é tentar chegar a uma definição mutuamente aceitável.

  1. Procurar soluções alternativas

Gerar soluções é um processo criativo e que deve desligar-se da avaliação. Ou seja, apenas se deve gerar ideias, numa espécie de “tempestade criativa”. O objetivo é descartar qualquer avaliação ou crítica. O que importa é a quantidade de ideias e não tanto a qualidade das mesmas. Após estarem todas na mesa, pode passar-se à sua avaliação, tendo sempre como base o que é melhor para ambas as partes. Há que tentar pactuar com compromissos realistas, fazer concessões e apreciar as cedências um do outro.

  1. Chegar a um acordo e testar a melhor solução

Finalmente, há que colocar em prática os acordos feitos de forma clara e concreta, ou seja, como, onde e quando. É preferível deixar estes acordos por escrito e colocá-los num sítio bem visível.

É preciso ter em conta que romper um acordo significa perder a confiança, e que com isso a outra pessoa pode sentir-se livre do seu compromisso, o que, a longo prazo, vai prejudicar a relação.

Mas também é preciso estar ciente de que os acordos são perfeitamente moldáveis sempre que seja necessário e quando as duas partes assim o desejam. E se estiverem prestes a romper o acordo, basta renegociar!

Leia o artigo completo na edição de junho 2022 (nº 328)