Qual é a linha que une as vacinas de mRNA, os computadores quânticos, os robots na Lua e em Marte e o aproveitamento de novas fontes de energia?

Todos foram produtos da convergência científica, onde o conhecimento de várias disciplinas científicas é integrado num novo conhecimento mais abrangente, que impulsiona a civilização moderna.

Nos últimos 70 anos, a convergência alcançou mais êxitos do que a ciência alcançou em toda a sua história multimilenar anterior combinada.

Para entender como isso se dá, investigadores investiram 10 anos a modelar a evolução da convergência científica. Para tal, usaram métodos avançados de análise de dados para analisar milhões de trabalhos científicos.

Eles identificam vários estágios na evolução da ciência, cada um caracterizado por uma forma diferente de convergência.

 A convergência polímata, que caracterizou a ciência inicial até o período renascentista, exemplificada por polímatas famosos, como Aristóteles e Leonardo da Vinci – polímata é uma pessoa cujo conhecimento não está restrito a uma única área, o oposto dos atuais especialistas. Na convergência polímata, a integração do conhecimento estava a ocorrer no interior das mentes de estudiosos singulares de cada época.

 Isto foi seguido por um período de divergência disciplinar, onde as teorias desenvolvidas dentro de disciplinas específicas foram transformadas em modelos mais gerais, com aplicações mais amplas – um fenómeno que os autores chamam de convergência por divergência. A teoria da evolução na biologia de Darwin, que foi usada por outros para explicar sistemas económicos e sociais, é um exemplo disso.

 Em meados do século 20, surgiu a era da convergência das equipas multidisciplinares, onde especialistas de diferentes disciplinas trabalhavam juntos com um objetivo comum. Na convergência de equipas multidisciplinares, a integração do conhecimento ocorre entre equipas de cientistas com experiência diversificada. Um exemplo famoso desse tipo de convergência foi o Projeto Manhattan, que criou as bombas nucleares, mas também introduziu a humanidade na era da energia nuclear.

“Agora, no início do século 21, nós detetámos o surgimento de mais uma forma de convergência, a que chamamos de convergência de equipa polimática,” afirma o Professor Ioannis Pavlidis, da Universidade de Houston, nos EUA.

“Na convergência de equipas polímatas, a integração do conhecimento ocorre dentro e entre os académicos, ou seja, uma mistura de convergência de polímatas individuais e convergência de equipas multidisciplinares. Pesquisas recentes em ciência do cérebro apresentam sinais reveladores da convergência de equipa polímata.

“Esta não é a primeira teoria sobre os mecanismos subjacentes da evolução da ciência. No entanto, é a primeira teoria da evolução da ciência que é amplamente baseada numa análise e modelagem de dados massivos, o que nos permite não apenas ‘provar’ os pontos da teoria para o passado, mas também estimar a confiança sobre as previsões da teoria para o futuro,” acrescenta Pavlidis.

Em relação ao futuro, a equipa prevê que a convergência, em meados do século 21, evoluirá para o que eles chamam de convergência de equipa ciborgue, onde cientistas polímatas colaborarão com agentes de inteligência artificial em equipas mistas humano-máquina.

*Conteúdo disponibilizado pela Universidade de Houston

Fonte: e-newvation