Não é apenas o cérebro – a razão – que faz de nós humanos, mas também o coração – as emoções. Conhecer melhor ambos os elementos – e saber geri-los – permite-nos alcançar o equilíbrio interno.

 

A exaltação da razão durante os últimos anos tem conduzido a uma depreciação do papel das emoções, chegando ao extremo de querer calá-las, negá-las e reprimi-las sob a bandeira da “evolução do ser racional”. É verdade que somos seres racionais e não há que subvalorizar o papel da razão. Mas acima de tudo, continuamos a ser emocionais. Mais: vários estudos demonstram que as pessoas que sabem ouvir, compreender e controlar as suas emoções têm mais sucesso na vida.

Porém, apesar de haver muitas perguntas sem resposta sobre o funcionamento do cérebro, atualmente considera-se que as amígdalas cerebelosas (conjunto de núcleos neuronais em forma de amêndoa) têm um papel no processamento e armazenamento das reações emocionais. Estas amígdalas são maiores nos homens do que nas mulheres e são altamente sensíveis às hormonas sexuais. Também parece que a amígdala do hemisfério direito é maior nos homens e a amígdala do hemisfério esquerdo nas mulheres, algo que explicaria uma parte das diferenças na emotividade de ambos os sexos.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

Mas muito mais que fisiologia, a aprendizagem de papéis e a educação emocional que recebemos, assim como as experiências vividas ou aprendidas, dotam as pessoas de mais ou menos estratégias no momento de gerir as respostas emocionais.

Cada pessoa vive de forma particular a relação entre razão e emoção. É possível encontrar desde pessoas capazes de controlar a sua resposta emocional com a sua parte racional e outras propensas a deixarem-se levar pela sua vivência emocional, sem que a racionalidade tenha demasiado “voto na matéria”.

A capacidade de gerir a razão e as emoções de forma adaptativa conhece-se como inteligência emocional, que se distingue pelas seguintes competências:

Conhecimento das próprias emoções – Ou seja, compreender os nossos sentimentos e estados de ânimo para conseguir um maior autoconhecimento.

Capacidade de controlar as emoções – Todas as emoções são válidas, tanto as que nos fazem sentir bem, como mal. Trata-se de poder viver a emoção e expressar-se em função das circunstâncias e com o equilíbrio necessário para não cair em extremos.

Automotivação – A capacidade de canalizar as emoções face a uma finalidade produtiva: o controlo dos impulsos, ser capaz de adiar as gratificações ou aprender a regular os nossos estados de ânimo para facilitar o pensamento, ser perseverante e poder enfrentar os contratempos.

Empatia – Faculdade de se sintonizar emocionalmente com os outros; de se colocar no lugar dos outros.

Habilidades sociais – Capacidade de interagir com os demais de uma forma socialmente adequada que permita estabelecer relações.

A inteligência emocional não é um conjunto de competências que se têm ou não têm: todos os indivíduos têm umas e outras, em maior ou menor escala. A boa notícia é que todos temos a capacidade de desenvolvê-las, basta dedicar-lhes tempo e atenção.

Leia o artigo completo na edição de março 2022 (nº 325)