A aplicação de células estaminais do cordão umbilical é capaz de promover o crescimento de cabelo em zonas afetadas por alopécia areata, uma doença autoimune que provoca queda de cabelo, com potencial impacto na qualidade de vida dos doentes.

Num artigo científico, publicado recentemente no World Journal of Clinical Cases, foram descritos três casos de sucesso que sugerem que esta estratégia terapêutica constitui uma alternativa promissora para o tratamento desta doença, inclusive das formas mais severas.

A alopécia areata progride em cerca de 14 a 25% dos casos para formas mais graves, que se caracterizam pela perda total do cabelo (alopécia total) ou pela perda completa do cabelo e dos pelos no corpo (alopécia universal). Segundo a Dr.ª Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, “para os doentes que não respondem aos tratamentos disponíveis, nomeadamente os que apresentam formas mais severas da doença, é necessário encontrar abordagens terapêuticas alternativas”.

Neste sentido, as células estaminais mesenquimais têm vindo a ser investigadas para o tratamento desta doença, evidenciando resultados promissores devido à forte capacidade anti-inflamatória e de regulação do sistema imunitário, características que lhes conferem grande potencial para o tratamento de doenças de caráter autoimune, como a alopécia areata, explica a especialista. Neste tratamento experimental, foram realizadas injeções subcutâneas de células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical.

O primeiro caso descreve o tratamento de uma mulher com 55 anos, com ausência de cabelo em duas zonas do couro cabeludo, afetadas por alopecia areata. Ao longo de 6 meses, a doente completou 15 aplicações de células estaminais do cordão umbilical, nas áreas afetadas. Embora inicialmente não se tenham observado melhorias, aproximadamente 3 meses após o primeiro tratamento, o cabelo começou a crescer, acabando por cobrir toda a área afetada. Vinte e dois meses após o último tratamento, a doente estava curada, sem reincidência da doença.

O segundo caso retrata uma mulher de 30 anos com alopécia areata, que iniciou tratamento com corticosteroides em 6 zonas do couro cabeludo. No entanto, uma das zonas afetadas não respondeu ao tratamento. Nessa área, após a aplicação de dois tratamentos com células estaminais, o cabelo começou a crescer. A doente ficou completamente curada aproximadamente 3 meses depois, não tendo sido observada reincidência do problema durante os dois anos seguintes.

É ainda descrito o tratamento de uma doente diagnosticada com alopécia universal aos 12 anos, que apresentava muito pouco cabelo no couro cabeludo, mesmo depois de vários tratamentos a que se submeteu ao longo de anos, sem sucesso. Durante um ano, foram feitas 14 aplicações com células estaminais em todo o couro cabeludo. Ao fim de três meses após o primeiro tratamento, o cabelo começou a crescer, tendo eventualmente atingido níveis semelhantes aos normais. Aos 12 meses de seguimento, não foi reportada reincidência da alopécia universal.

Em nenhum dos casos se verificou qualquer efeito adverso decorrente do tratamento com células estaminais do tecido do cordão umbilical, indicando que o tratamento é seguro. Segundo os autores, esta estratégia terapêutica promissora deve agora ser testada em ensaios clínicos, de modo a possibilitar a sua aplicação na prática clínica.

 

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