Quando detetado atempadamente, o cancro colorretal tem a taxa de sobrevivência que ultrapassa os 90%. Para tal, sugere-se a realização de rastreios partir dos 45 anos, tendo em conta a sua deteção em idades cada vez mais jovens.

 

Artigo da responsabilidade do Dr. Rui Ramos. Gastrenterologista no Hospital CUF Viseu

 

O cancro colorretal – ou cancro do intestino grosso e reto, como também é conhecido – é a segunda causa mais frequente de morte por cancro na Europa, sendo o cancro digestivo mais comum, responsável por cerca de 13% de todos os cancros.

Nos últimos anos, em Portugal, tem-se assistido a um aumento da incidência deste tipo de cancro, pelo que urge implementar uma estratégia de deteção precoce eficaz que permita, a breve prazo, contrariar esta tendência. Porque a deteção precoce pode, de facto, salvar vidas.

Como se manifesta a doença?

Os sintomas deste tipo de cancro consistem em alterações do trânsito intestinal, diarreia ou obstipação, perda de sangue nas fezes, dor abdominal, entre outros, como falta de apetite e emagrecimento inexplicável. Contudo, a ausência de sintomas é típica na fase inicial da doença.

Na maioria dos casos, o  cancro colorretal desenvolve-se a partir de pólipos do cólon. Esta transformação, de pólipo em cancro, pode demorar mais de 10 anos, o que se configura como uma valiosa janela de oportunidade para a implementação dos programas de rastreio, já que estes permitem, em muitos casos, detetar lesões pré-malignas. Se diagnosticados numa fase inicial, as possibilidades de cura e tratamento são muito superiores.

Como se diagnostica?

Para o diagnóstico e tratamento das doenças do sistema digestivo, os exames de diagnóstico assumem especial importância. A estratégia de rastreio adequada a cada pessoa deve ser discutida com o seu médico gastrenterologista, pois dependerá sempre do risco individual para o desenvolvimento deste tipo de cancro.

São vários os exames que podem ser realizados, nomeadamente:

  • A pesquisa de sangue oculto nas fezes, que, tal e como o nome indica, deteta a presença de sangue numa amostra de fezes. Contudo, os pólipos muitas vezes não sangram, pelo que o teste pode ser negativo mesmo na presença de lesões pré-malignas. Se o teste detetar sangue nas fezes deverá ser sempre realizada uma colonoscopia.
  • A colonoscopia permite diagnosticar, mas sobretudo, tratar simultaneamente. Dos exames disponíveis,  é o método mais eficaz, permitindo a deteção de quase todos os pólipos, reduzindo, de forma muito significativa, o risco de desenvolver cancro colorretal. A sua grande mais-valia é proporcionar um tratamento curativo e preventivo, sendo tanto mais eficaz, quanto mais precoce for o diagnóstico e remoção dos pólipos, impedindo que possam evoluir para cancro. É um exame que pode ser realizado sob anestesia, o que reduz o desconforto que classicamente se lhe associa, permitindo um recobro breve e alta no próprio dia.

Quando fazer uma colonoscopia?

Em pessoas sem risco aumentado para cancro colorretal, sugere-se cada vez mais a realização de colonoscopia partir dos 45 anos, tendo em conta a deteção de cancro colorretal em idades cada vez mais jovens. Quando detetado atempadamente, a sobrevivência ultrapassa os 90%, segundo alguns estudos. Converse com o seu médico gastrenterologista sobre quando iniciar o rastreio, quais as melhores opções e com que frequência deve realizar exames e manter a vigilância.

Leia o artigo completo na edição de março 2023 (nº 336)