A calvície é uma das maiores causas da falta de autoestima dos homens e de mulheres. Esta afeta mais de 60% da população portuguesa. Mas sabia que, quando identificada numa fase precoce, pode ser adiada e tratada?

 

Artigo da responsabilidade da Dra. Caroline Alves. Médica coordenadora da Unidade Capilar da Up Clinic

 

 

A calvície é uma forma de alopecia caracterizada por uma gradual e progressiva perda de cabelos devido a fatores hereditários, hormonais e/ou ambientais. O enfraquecimento do cabelo e, consequentemente, a sua queda têm um enorme impacto psicológico, podendo influenciar na vida social e profissional.

Manifestando-se de maneiras diferentes no homem e na mulher, no sexo masculino os primeiros indícios podem surgir no início da idade adulta. Na mulher, manifesta-se essencialmente na menopausa.

Há uma miniaturização folicular, portanto a diminuição da densidade capilar e queda de cabelo de forma persistente.

Contudo, hoje em dia existem vários tratamentos de prevenção para a queda capilar ou mesmo, em casos mais avançados, para a calvície.

Transplante capilar ou folicular

O transplante capilar é um procedimento que permite retirar os folículos capilares de zonas denominadas dadoras (região occipital e regiões temporais – nuca e regiões laterais da cabeça), dado que se encontram geneticamente programados para resistir à alopecia. Para serem colocados em zonas que tenham sido atingidas por alopecia, seja androgenética, cicatriciais ou autoimunes dependendo do caso.

Esta técnica cirúrgica pode ser aplicada em ambos os sexos, em idades superiores a 16 anos, mediante uma avaliação clínica.

Caracterizada por ser uma técnica mais avançada e com melhores resultados em cirurgia capilar, a FUE (Follicular Unit Extraction) compreende a extração de folículos de forma segura, sem os danificar e evitando cicatrizes. Utilizando instrumentos médicos específicos com diâmetros de 0,7 a 1 mm, é possível proceder à extração e à implantação folicular de forma precisa e, praticamente, impercetível. Estes valores de diâmetros, desejáveis para evitar o desenvolvimento de cicatrizes ou outras alterações percetíveis, não são alcançáveis pelos robots de extração, que se encontram também limitados à recolha de folículos somente na zona occipital e se não houver cabelos grisalhos ou brancos.

Posteriormente, as unidades foliculares são separadas, de acordo com o seu número de cabelos (existem unidades de um a quatro cabelos), e implantados de forma individual para permitir um resultado natural e com o efeito visual desejado. Executados por uma equipa de médicos e enfermeiros experientes e responsável por todos os procedimentos, nos processos de extração e implantação podem remover-se até mais de 4000 folículos.

Tratamentos complementares

O tratamento capilar para prevenção da queda de cabelo varia de forma individual, no entanto, é sempre menos invasivo que o transplante capilar, tendo também como base a análise da composição do cabelo.

Nalgumas ocasiões, é necessário desenvolver a “qualidade” do cabelo antes de adotar procedimentos cirúrgicos, podendo estes, quando devidamente aplicados, resolver de forma significativa a alopecia. Neste âmbito, destacam-se diversos tratamentos como a Finasterida, a Dudasterida e o Minoxidil, assim como a Bicalutamida e outros fármacos que devem ser dirigidos a cada caso. Procedimentos que estimulam a qualidade dos folículos, o seu crescimento e densidade do cabelo, retardando o processo de perda capilar.

As evoluções verificadas nas investigações científicas realizadas na medicina capilar, nomeadamente no combate da alopecia, conduzem-nos até à utilização de fatores de crescimento injetáveis – PRP (Platelet Rich Plasma – Plasma Rico em Proteínas). Trata-se de um processo onde os fatores de crescimento do próprio paciente, irá promover a regeneração celular, e a obtenção de folículos capilares com mais qualidade e, consequentemente, maior densidade capilar.

Por outro lado, na Mesoterapia utiliza-se um produto composto por princípios ativos de extratos naturais (vitaminas, antioxidantes, proteínas e outros) e farmacológicos como a dutasterida injetável entre outros, sendo o mesmo posteriormente inserido no couro cabeludo (na derme), nomeadamente nas zonas de menor densidade e/ou fragilidade capilar, através de microinjeções.

Diagnóstico

O diagnóstico que permite determinar o tipo de calvície é efetuado através de uma análise minuciosa do médico, que envolve: análises de sangue com estudo hormonal e Trichotest, uma ferramenta inovadora no diagnóstico e tratamento deste distúrbio e que consiste num teste genético não invasivo que analisa 48 variações genéticas nos 13 genes relacionados com esta patologia. O recurso a este exame permite estabelecer o tratamento ideal (tópico e oral) de acordo com os resultados genéticos obtidos, com 99,9% de especificidade e sensibilidade.

Estes meios de diagnostico realizam-se uma única vez, elaborando um tratamento a longo prazo, com novas análises de controlo caso sejam necessárias, evitando o recurso a terapêuticas inadequadas, reduzindo os efeitos secundários e permitindo atuar de forma precoce e efetiva.