Conheça os mais recentes progressos no campo das terapias psicológicas e saiba tudo sobre as psicoterapias de última geração.

Artigo da responsabilidade da Dra. Cláudia Madeira Pereira. Psicóloga clínica e psicoterapeuta

 

 

Passados muitos anos após o surgimento daquela que ficou conhecida como a primeira terapia psicológica, a psicanálise (que predominou até aos anos 50), e de muitas outras terapias, às quais se seguiu a psicoterapia cognitivo-comportamental, desenvolvida para ultrapassar as limitações das terapias clássicas e mais antigas (por exemplo, psicanálise ou terapia psicanalítica, terapia psicodinâmica, terapia humanista e outras), estamos atualmente na era das psicoterapias cognitivo-comportamentais de 3ª geração.

Estas constituem a última geração das psicoterapias, ou seja, as terapias psicológicas mais modernas e avançadas. Tal como o seu nome indica, não se trata apenas de uma, mas de várias psicoterapias, o que nos oferece mais técnicas para ajudar mais e melhor as pessoas, numa maior variedade de problemáticas, com uma maior probabilidade de eficácia e sucesso.

Um dos objetivos destas psicoterapias é proporcionar estratégias diversas às pessoas para que estas possam tornar-se terapeutas de si mesmas e independentes das consultas de psicoterapia (este é um dos aspetos que distingue estas terapias modernas das terapias clássicas), o que as torna mais breves (ou seja, menos prolongadas no tempo) e menos dispendiosas a médio e longo prazo para as pessoas.

EVOLUÇÃO

Estas terapias surgiram a partir dos avanços e progressos da terapia cognitivo-comportamental, sendo o resultado de várias gerações de terapias:

  • A 1ª geração (1950-60) surgiu com o desenvolvimento da terapia comportamental;
  • A 2ª geração (1970-80) surgiu com a terapia cognitiva e a terapia racional emotiva. A integração destas terapias cognitivas com a terapia comportamental deu origem à terapia cognitivo-comportamental (TCC)
  • A 3ª geração (desde 1980-90 até à atualidade) tem sido marcada pela integração de novas terapias, baseadas nos princípios da TCC, as psicoterapias cognitivo-comportamentais de 3ª geração.

ÚLTIMA GERAÇÃO

As psicoterapias cognitivo-comportamentais de 3ª geração integram as seguintes terapias:

  • Psicoterapia cognitivo-comportamental (TCC)

Foi desenvolvida para ultrapassar as limitações das terapias clássicas, desenvolvidas até 1950 (psicanálise/terapia psicanalítica, terapia psicodinâmica), tendo sido a primeira terapia a dedicar-se a ajudar as pessoas a desenvolverem técnicas e estratégias para ultrapassarem as suas dificuldades e/ou problemas.

A TCC veio revelar a relação existente entre os nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos, e demonstrar que o desenvolvimento de padrões negativos de pensamentos, sentimentos e comportamentos podem desencadear-nos dificuldades ou problemas psicológicos (por exemplo, stress, ansiedade, depressão, baixa autoestima e/ou autoconfiança, dificuldade nos relacionamentos, etc.). É uma terapia de elevada eficácia, com resultados terapêuticos rápidos e duradouros.

Desde 1977, a TCC é considerada internacionalmente a terapia mais indicada para problemas psicológicos como depressão, stress e ansiedade, ansiedade social e generalizada, hipocondria, medos e fobias, ataques e perturbação de pânico, stress pós-traumático, perturbação obsessivo-compulsiva, perturbações do comportamento alimentar, perturbação bipolar, entre muitos outros.

  • Terapia cognitiva baseada em mindfulness

Esta terapia integra a prática de mindfulness (o exercício da concentração e da atenção plena no momento presente) com técnicas cognitivas e comportamentais. Assim, através do mindfulness, treinamos a nossa mente para uma maior consciência e compreensão dos nossos padrões de pensamento, comportamento e sentimento. Isto ajuda a libertar-nos de padrões disfuncionais e capacita-nos para o desenvolvimento de novos padrões mais funcionais, nomeadamente novos comportamentos, atitudes, ações e reações/respostas, pensamentos, crenças, sentimentos e emoções, promotores do nosso bem-estar.

É uma terapia muito sensível e gentil, que trabalha a mudança através do cultivar de atitudes amigáveis connosco próprios (aceitação incondicional, autocompaixão, autoperdão, não-julgamento, entre outras). Ajuda a conhecermo-nos melhor e a estabelecermos uma relação, (mais) amigável e satisfatória, com nós mesmos, com a vida e com o mundo que nos rodeia. E capacita-nos para lidar melhor com diversas dificuldades e problemas.

Esta terapia fornece técnicas eficazes e úteis para problemas de depressão, ansiedade, stress, situações de doença física e/ou dor crónica, entre muitos outros.

Leia o artigo completo na edição de maio 2022 (nº 327)