A asma é uma das principais doenças não transmissíveis cuja prevalência tem vindo a aumentar lentamente. Atualmente, afeta 334 milhões de pessoas em todo o mundo e cerca de 700 mil em Portugal. Embora seja muito prevalente em crianças e adolescentes (sensivelmente 175 mil indivíduos deste grupo populacional são asmáticos), é uma doença que pode ocorrer em qualquer idade.

Artigo da responsabilidade da Dra. Lígia Fernandes. Pneumologista no Hospital Distrital da Figueira da Foz-EPE. Coordenadora da Comissão de Asma e Alergologia Respiratória da Sociedade Portuguesa de Pneumologia

 

 

A asma caracteriza-se por sintomas respiratórios como tosse, pieira, falta de ar e sensação de aperto no peito. Sintomas estes cuja frequência e intensidade podem variar ao longo do tempo.

É uma doença respiratória crónica, que requer um controlo diário para prevenir os sintomas, a deterioração da função pulmonar e as agudizações/crises.

Porém, quase metade dos asmáticos não têm a sua asma controlada, nomeadamente 43% dos adultos e 51% das crianças. Uma das causas é a má perceção que muitos doentes têm, julgando a sua doença controlada, aceitando sintomas persistentes, o que dificulta a procura de cuidados médicos adequados.

Existe um subdiagnóstico e subcontrolo da doença, mesmo em doentes já diagnosticados, devido à desvalorização dos sintomas. Os doentes aprendem a viver com a asma e consideram a sua condição “normal”, apercebendo-se das limitações que estão a viver apenas quando começam a fazer o tratamento.

Mesmo que estejamos habituados a ter determinados sintomas, não podemos aceitá-los como sendo algo normal e permitir que estes nos impeçam de realizar determinadas atividades diárias ou desportivas. Para tal, é fundamental consultar o seu médico e iniciar o tratamento adequado ao seu caso, para que tenha uma vida tranquila e sem restrições.

O tratamento da asma é determinado de acordo com a gravidade clínica e é feito através de medicação administrada idealmente por via inalatória. É uma terapêutica muito segura e eficaz, que permite ao doente e ao seu médico controlarem a doença e não deixar que esta os controle.

No Dia Mundial do Pulmão – 25 de setembro – é importante lembrar que para mudar o paradigma desta doença respiratória, é indispensável consciencializar os doentes, os profissionais de saúde e a população em geral, para a importância de aumentar o conhecimento sobre a asma, de aderir ao tratamento sem quaisquer receios, e de reforçar que, quando não tratada, a asma pode matar!

Importa salientar que o controlo desta doença depende, muitas vezes, de um tratamento diário e regrado à semelhança do que fazemos para controlar outras doenças, como a diabetes e a hipertensão.