A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) e um conjunto de várias entidades ligadas aos cuidados de saúde prestados a crianças e jovens com diabetes tipo 1 acabam de lançar uma petição pública “pelo acesso aos sistemas híbridos de perfusão sub-cutânea contínua de insulina (bombas de insulina) e pela qualidade de vida das pessoas com diabetes tipo 1 em Portugal”. A petição pode ser lida e assinada aqui e em 24 horas foi assinada por mais de 1500 cidadãos.

No texto de enquadramento da petição, explica-se que “o sistema de bombas de insulina híbridas ou automáticas é já uma realidade em Portugal, mas ainda não tem o alcance necessário e implica um valor incomportável para as famílias. Trata-se do sistema cuja performance mais se aproxima do pâncreas artificial, administrando insulina automaticamente e ajustando-a de acordo com as necessidades individuais.

É revolucionário na medida em que melhora substancialmente a saúde das pessoas com diabetes, permitindo-lhes viver quase como se não tivessem diabetes. A utilização destas bombas pode proporcionar às crianças e jovens com diabetes melhor compensação, uma redução em 80% do número de picadas nos dedos e 95% do número de injeções que uma pessoa com diabetes tipo 1 tem de dar por ano. Este sistema contribui para uma melhoria significativa da qualidade de vida das crianças, mas também das suas famílias e outros cuidadores”.

José Manuel Boavida, presidente da APDP, explica que a disponibilização das bombas de insulina híbridas a todas as pessoas que poderão beneficiar delas “é uma questão de humanismo e de respeito. Só as pessoas com diabetes tipo 1 poderão utilizar estas bombas e entre elas, cerca de 5.000 são crianças ou jovens que dependem da ajuda de cuidadores, pais, avós, educadores, que serão também muito mais livres e menos sofredores no seu dia a dia. Querendo o essencial da vida, as crianças e jovens com diabetes tipo 1 e suas famílias não podem esperar.” A petição, reclama, assim “ o acesso desta população, sob prescrição de especialista, aos sistemas de bombas de insulina híbridas em todos os centros de colocação de bombas do país”.

Além da APDP, são autores desta petição um grupo de pais de crianças e jovens com diabetes tipo 1, a Consulta de Diabetes Pediátrica do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, a Consulta de Diabetes Pediátrica da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, o Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar do Oeste – Caldas da Rainha, o Serviço de Pediatria do Hospital de São Francisco Xavier, a Unidade de Diabetes da Criança e Adulto do Centro Hospitalar do Oeste – Hospital de Torres Vedras e Unidade de Endocrinologia e Diabetologia Pediátrica do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia.

A diabetes tipo 1 é a doença crónica mais frequente das crianças e jovens. Para que estes possam atingir o seu potencial de vida em termos pessoais, familiares e sociais é necessário um excelente controlo metabólico. Este exige, por parte de quem a tem e de quem cuida, uma abordagem muito própria e de grande exigência. As pessoas com diabetes tipo 1 precisam de injetar insulina e monitorizar os níveis de glicemia 24 horas por dia, 7 dias por semana. Sem insulina, não sobrevivem. Se o controlo metabólico não for adequado, têm um risco aumentado de consequências de elevado potencial incapacitante tal como cegueira, insuficiência renal, doenças cardiovasculares, amputações e um risco aumentado de mortalidade precoce, chegando a reduzir 17 anos a sua esperança de vida. Em Portugal calcula-se que serão cerca de 5.000 as crianças e jovens com diabetes tipo 1, sendo que este número tem vindo a aumentar consideravelmente nos últimos anos.