A gravidez é o momento ideal para iniciar uma alimentação saudável. Os benefícios não se farão esperar: você sentir-se-á melhor e o seu bebé crescerá com mais saúde.

 

Os nove meses que o futuro bebé passa no útero materno constituem o período mais sensível da sua vida: nestes meses, formam-se todos os seus órgãos e tecidos, alimentados pelos nutrientes que lhe chegam através da placenta.

Comer bem é o melhor presente de saúde que pode dar ao seu filho: o sistema imunológico, o metabolismo, o sistema nervoso, até as capacidades intelectuais da criança têm muito a ver com o modo como a mãe se alimentou, enquanto a carregou no ventre.

Inclusivamente, alguns investigadores sustentam que certas perturbações crónicas, como a diabetes, podem ter a sua origem numa má nutrição, durante a vida intrauterina; e todos concordam que, por vezes, esta circunstância se traduz em consequências fatais, a curto prazo: aborto espontâneo, parto prematuro, baixo peso à nascença, menor resistência às infeções ou doenças graves, como a espinha bífida.

Por outro lado, uma alimentação adequada permite à mulher tornar mais ligeiros muitos dos típicos transtornos da gravidez, bem como enfrentar, com mais hipóteses de êxito, o momento do parto e o período do aleitamento que se segue.

Alimentar uma nova vida

A grávida tem de sintetizar muitos tecidos novos: os do feto, da placenta, do útero e das mamas, bem como os fluidos corporais (líquido amniótico e acrescento de volume sanguíneo), totalizando cerca de 12 kg, no final da gestação. Consequentemente, o organismo exige nutrientes, para fazer face a esse duplo crescimento, cabendo a si escolhê-los bem.

Mas não se preocupe em demasia: se tem ao seu alcance os alimentos básicos, terá acesso aos nutrientes de que ambos necessitam. Para ajudá-la nesta aventura, o seu organismo efetuará os ajustes necessários.

As alterações metabólicas que vão produzir-se, a partir de agora, são espetaculares: nunca, em nenhuma outra fase da vida, experimentará mudanças tão intensas. Sabiamente dirigidas pelas hormonas da gravidez, o seu objetivo é proteger o feto, no caso da mãe “distrair-se” e cuidar-se menos do que deve. Estas são as alterações mais importantes:

  • Em geral, o seu organismo tende a “poupar” energia, nos primeiros meses, para a utilizar na reta final, quando o crescimento do feto se acelera e, consequentemente, as suas exigências são maiores. O primeiro sinal é o cansaço, que a obriga a descansar e a não despender mais energia do que a necessária.
  • Aumenta, agora, a secreção de insulina, a hormona que se encarrega de retirar o excesso de açúcar no sangue e de levá-lo para o fígado, onde fica armazenado, para posterior uso. Por esta razão, é mais fácil sofrer uma hipoglicemia, se se permanecer muitas horas sem comer, sobretudo nos meses finais.
  • Com a gravidez, modifica-se o metabolismo dos lípidos: as gorduras também são «poupadas», sendo armazenadas nas coxas e nádegas. A partir da segunda metade da gravidez, a situação inverte-se e a hormona encarregue de mobilizar a gordura armazenada funciona com pleno rendimento. Esta gordura será utilizada como fonte de energia alternativa à glucose.
  • O trânsito intestinal abranda, os alimentos permanecem mais tempo no intestino e isto permite que os nutrientes sejam melhor aproveitados. Em contrapartida, as suas digestões tornar-se-ão mais pesadas. Com isto, melhora a absorção de minerais muito importantes nesta fase, como o ferro e o cálcio.

Leia o artigo completo na edição de novembro 2019 (nº 299)