Na Semana Mundial do Aleitamento Materno (1 a 7 de agosto), importa lembrar os benefícios da amamentação. A nutrição tem implicações no crescimento e desenvolvimento das crianças, sendo que logo após o nascimento devem ser adotadas as melhores práticas na alimentação. A amamentação não tem uma duração ideal: sendo o melhor alimento até aos 2 anos de vida, é recomendado o seu uso exclusivo nos primeiros 6 meses, podendo ser mantido com a introdução de outros alimentos enquanto a mãe e a criança assim o desejarem.

 

Artigo da responsabilidade do Dr. Pedro Correia Azevedo. Coordenador do Núcleo de Estudos de Medicina Obstétrica da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna

 

 

Importa Educar e Apoiar as mães, as famílias e a sociedade em geral, para que se possa Fortalecer a Amamentação – e esse é o lema da Semana Mundial do Aleitamento Materno 2022.

Em Portugal, alguns estudos demonstram que mais de 90% das mulheres iniciam o aleitamento materno, contudo, quase metade desiste no primeiro mês de vida do bebé.

Ainda existe um caminho muito importante para fortalecer a mensagem e reduzir os receios da amamentação, desde logo através:

  • da preparação para a amamentação antes do nascimento, com apoio e aconselhamento aos pais pelos profissionais de saúde;
  • da promoção da amamentação logo após o nascimento;
  • do estabelecimento e a manutenção da amamentação através de um aconselhamento adequado;
  • da proteção social e comercial da amamentação enquanto boa prática.

Alimento completo

O leite materno é um alimento completo e de fácil digestão, que tem muitas vantagens para a criança, nomeadamente a prevenção de infeções gastrintestinais, respiratórias e urinárias; mas também de algumas alergias; ajuda na regulação térmica corporal; facilita a introdução de outros alimentos; e reduz o risco de obesidade infantil.

A longo prazo, adultos que tenham sido expostos ao leite materno têm menos incidência de hipertensão, diabetes e linfomas.

Sob o ponto de vista materno, a amamentação promove a contração do útero e facilita a perda de peso após o parto, promove a vinculação ao bebé, reduz o risco de cancro de mama e do ovário e reduz o risco de osteoporose. Tudo isto aliado a um baixo custo financeiro e, em Portugal, a proteção social – as mães que amamentam podem solicitar ajuste do horário laboral.

Existem contraindicações temporárias para o aleitamento materno, como por exemplo herpes com lesões mamárias, tuberculose não tratada ou o uso de alguns medicamentos – nessas alturas a produção de leite deve ser estimulada e o bebé alimentado com uma alternativa.

Existem raras situações em que a amamentação está contraindicada de forma absoluta: é o caso das mães com HIV/SIDA e nos bebés com galactosémia. Como alternativas à amamentação, a OMS recomenda os bancos de leite, as amas de leite e as fórmulas de leite adaptado.

A covid-19 não é uma contraindicação para a amamentação e a vacinação contra a covid-19 está recomendada em grávidas e em mulheres que se encontrem a amamentar.

Numa altura em que vivemos a pandemia covid-19 e o mundo experiencia vários conflitos geopolíticos, temas com a segurança alimentar devem fazer parte das nossas preocupações. Nesta configuração social global faz sentido promover as melhores práticas e, claramente, amamentar é um dos melhores exemplos. Para isso, em sociedade, devemos estar conscientes da necessidade de Fortalecer a Amamentação!