A população sénior tem tendência para o sedentarismo e são poucos os que mantêm uma atividade física regular. A ausência de atividade é um fator que contribui para um maior número de complicações de saúde e uma maior mortalidade.

 

Do ponto de vista clínico, o termo imobilidade refere-se à dificuldade ou à incapacidade para levar a cabo as funções relacionadas com o movimento e que, basicamente, incluem o ato de caminhar, subir escadas e erguer-se desde a posição de sentado ou deitado.

Estes problemas, muito frequentes no idoso, oscilam numa escala que vai desde a imobilidade relativa – em que a atividade habitual tende para o sedentarismo, ainda que se mantenha a capacidade de movimento – à imobilidade absoluta – em que o afetado se vê forçado a permanecer na cama. A imobilidade relativa pode ser mais ligeira, ainda que não esteja isenta de riscos. A forma aguda desta perturbação, pelo contrário, constitui um grave problema clínico.

Nas perturbações do movimento influem fatores distintos. Por vezes, é uma determinada patologia que dá origem a estas alterações. Todavia, à dita patologia vem somar-se uma série de circunstâncias, muitas vezes extra-médicas e que nada têm a ver com a doença de fundo, mas que afetam a forma como se manifesta a imobilidade e que a agudizam.

Fruto da idade

O envelhecimento provoca transformações no organismo que limitam a mobilidade. Assim, aparece um certo grau de debilidade muscular e de resistência articular, causados pela perda de massa muscular e pelo desgaste dos tendões e ligamentos, cuja elasticidade se vê diminuída. As deficiências da visão e outras dificuldades sensoriais – as alterações do equilíbrio, da sensibilidade ou dos pés – são outros exemplos de mudanças relacionadas com a idade, que influenciam a mobilidade.

Com os anos, muda também a forma de caminhar: torna-se mais instável e lenta, necessitando de um maior consumo de energia. Este aumento, por seu lado, faz com que a possibilidade de recuperação adequada, após um dado período de imobilização, seja cada vez menor e mais tardia. Assim, o sénior está mais predisposto a permanecer imóvel e recupera pior dessa situação.

Os fatores ambientais incidem sobre a mobilidade de forma importante, mas são fáceis de remediar. Um ambiente inadequado, no qual existam obstáculos, como escadas ou desníveis, ou que careça de condições que ajudem a caminhar ou a mudar de posição sem perigo, pode ser causa de imobilidade grave. Também a falta de apoio social influencia, de forma negativa, a capacidade e grau de mobilidade dos seniores.

Necessidade de motivação

No entanto, nem sempre se deve procurar no meio envolvente as causas da imobilidade; pode acontecer que a origem do problema esteja dentro da própria pessoa. A falta de ânimo e de motivação do indivíduo para realizar uma determinada atividade também podem influenciar, negativamente, o seu grau de mobilidade. Por vezes, estes problemas expressam uma depressão oculta. Por outro lado, alguns idosos, depois de sofrerem uma queda, desenvolvem um certo medo de andar, que pode provocar uma deterioração da mobilidade.

Como já se referiu, no sénior acumulam-se, além disso, doenças que podem limitar a sua capacidade de andar. Destacam-se de entre elas, dada a sua elevada incidência, as doenças reumáticas: a artrite, a artrose, as fraturas – especialmente da anca –, a osteoporose e os problemas e alterações dos pés. Os processos neurológicos, como a doença de Parkinson, também têm uma grande incidência no problema.

Outras perturbações que limitam a tolerância ao exercício são as doenças cardiovasculares, os problemas respiratórios crónicos e a debilidade ou o mau estado geral que aparece associado a doenças agudas, como os tumores malignos ou a má nutrição.

Além das alterações do padrão da marcha e dos múltiplos problemas sensoriais, que afetam desde a visão até à capacidade de conhecer a posição do próprio corpo em cada momento, há que mencionar o excesso de peso, o qual dificulta os movimentos e piora as doenças reumáticas.

Porém, nem só as diferentes patologias estão relacionadas com a imobilidade: também pode ter uma incidência negativa o uso de determinados fármacos, especialmente aqueles que atuam sobre o sistema nervoso ou os medicamentos que diminuem a tensão arterial e que, nalguns casos, produzem uma falta de reação do organismo.

Leia o artigo completo na edição de julho/agosto 2021 (nº 318)