Compreender a forma como os pés interagem com o mundo pode ajudar a melhorar a postura corporal, prevenir lesões e até melhorar a técnica de corrida. Para explicar como isto pode ocorrer, vamos debruçar-nos sobre o novo método de avaliação “Art of Movement”.

Artigo da responsabilidade do Prof. Nuno Cerdeira, Master Trainer nos Holmes Place Health Clubs

Se estudarmos de forma minuciosa o pé humano e suas características, percebemos que o mesmo é um prodígio de “engenharia”: tem 26 ossos, 33 articulações e milhares de terminações nervosas. Sem ele, o homem não teria adotado a posição bípede e adquirido a capacidade de libertar as mãos, marcos fundamentais na evolução da espécie humana.

Contudo, ao longo dos séculos – com maior incidência nos últimos dois – a fisionomia natural dos pés tem vindo a ser condicionada. Como? Se está a olhar para os sapatos, acertou!

O impacto do calçado na estrutura e no equilíbrio corporal não deve ser subestimado. De facto, o calçado impede-nos de usufruir de toda a dinâmica natural do pé, no que concerne à absorção de impacto, proteção da coluna e equilíbrio postural. “Durante a corrida, os nossos antepassados usavam mais estruturas de amortecimento próprias, como a fáscia plantar ou o tendão de Aquiles, que hoje raramente são utilizados”, afirma Paulo Quin, master trainer no Holmes Place.

Poderá a tecnologia estar a limitar os atletas, afastando-os de movimentos naturais? As últimas evidências científicas admitem que sim: “Quanto maior for o amortecimento das sapatilhas, maior será a privação sensorial. O corpo não se apercebe do impacto real da corrida, o que faz com que a maioria das pessoas tenha um padrão de movimento mais próximo de uma marcha rápida do que de uma corrida”, explica Paulo Quin.

Outra explicação poderá ser encontrada numa simples analogia, sugerida por Sofia Silva, master trainer Holmes Place: “Imagine uma roda com dois pedais. Se pressionar um pedal mais do que o outro, ao longo do tempo terá assimetrias que vão gerar descompensações e lesões. A melhor forma de prevenir estas lesões é através da ativação equilibrada dos músculos do ‘core’ e da cintura pélvica e através de um treino que interligue a mobilidade e o fortalecimento na escolha dos exercícios. Este processo permite que o movimento corporal seja mais suave, eficaz e equilibrado”.

Leia o artigo completo na edição de março 2016 (nº 259)