Pela mente de todas as grávidas passa, com maior ou menor intensidade, o medo do desconhecido, de não conseguir estar à altura no momento de dar à luz. Seguem-se alguns conselhos para ajudar a enfrentar os medos mais comuns entre as futuras mamãs.

 

Durante séculos, a mulher conseguiu superar a experiência de dar à luz, sem a ajuda dos cuidados médicos e da anestesia e até sem sequer saber o que se passava no interior do seu corpo. Era a sábia Natureza que se ocupava de quase tudo.

Hoje, a Medicina colocou à nossa disposição todos os meios técnicos e humanos para que o parto constitua uma experiência não-traumática. Contudo, a maioria das gestantes não consegue deixar de pensar nos perigos que envolvem o momento de dar à luz. Segundo os especialistas, estar bem informada acerca da forma como tudo se desenrolará é o primeiro passo para afugentar os fantasmas e vencer a ansiedade.

  1. Conseguirei suportar a dor?

O momento do parto inspirou muitas histórias, a maioria das quais rodeadas de sangue, suor e lágrimas, e de alegria, uma vez tudo passado. Para uma “novata”, o parto é algo de desconhecido e uma imaginação fértil pode transformá-lo, por antecipação, em qualquer coisa de insuportável.

Em primeiro lugar, é preciso saber que a “mãe-mártir” – tão frequentemente retratada no cinema – é algo do passado. Agora, a parturiente tem ao seu alcance a anestesia epidural, para um parto praticamente sem dor.

Perante a aproximação do momento, seja realista: não dramatize demasiado, mas também não pense que vai ser uma festa. Sem dúvida que sentirá algumas dores, mas poderá preparar-se para as enfrentar da melhor maneira. As aulas de preparação podem ensinar-lhe os exercícios adequados para treinar o organismo e os pensamentos positivos que a ajudarão. Pense no parto como uma experiência em que terá de colaborar; como um “trabalho” que lhe exigirá algum esforço, mas que lhe permitirá obter o melhor prémio.

  1. O meu filho nascerá perfeito e saudável?

Os controlos periódicos da gravidez permitem saber como se encontra o feto, ainda que não a 100% e essa pequena margem é o que angustia as mães. Mas deve saber que as probabilidades de ter um bebé saudável e perfeito nunca foram tão elevadas como agora. A mortalidade infantil nos países desenvolvidos do Ocidente é, atualmente, a mais baixa da História – menos de 1% – e esse valor mínimo deve-se a mães malnutridas ou a doentes de alto risco.

As técnicas de diagnóstico pré-natal, cada vez mais eficazes, permitem despistar a existência de doenças genéticas. O médico assistente informará a gestante sobre a necessidade de efetuar os diferentes exames. Por outro lado, é importante saber que os avanços cirúrgicos permitem, hoje em dia, corrigir no recém-nascido certas perturbações, nomeadamente cardíacas e ósseas, que antes não tinham solução.

  1. O meu bebé pode correr riscos durante o parto?

Nos nossos dias, mais do que nunca, os médicos preferem não correr riscos e, perante a menor dúvida de que algo se possa complicar, escolhem a via mais rápida para ajudar o bebé a nascer: a cesariana.

Durante a dilatação, um monitor fetal controla o bem-estar do bebé e revela qualquer indício de sofrimento. Este aparelho regista os batimentos cardíacos e avalia a resposta do feto perante as contrações maternas. A pessoa que interpreta o registo do monitor pode verificar se existem sinais de fadiga. Quando se suspeita de que algo não está bem, o especialista efetua um rápido controlo de outros sinais de sofrimento fetal, como um pH anormal no sangue fetal. No caso de se confirmar o problema, realiza-se, de imediato, a cesariana.

  1. Como saberei que chegou o momento?

Esta dúvida é comum a muitas grávidas. Nenhuma novata deseja protagonizar um falso alarme, ao mesmo tempo que tem medo de ter o bebé a caminho do hospital. O problema é que, quem nunca sentiu dores de parto, como é que poderá reconhecê-las? Não se preocupe, a grande maioria das mulheres chegam à maternidade no momento certo. Alguns sintomas revelam-lhe que chegou o momento:

  • As contrações aumentam de intensidade e não diminuem ao mudar de posição;
  • O intervalo entre as contrações também diminui;
  • A dor começa na parte inferior do abdómen;
  • Sente pressão sobre o reto;
  • Ocorrem perdas rosadas;
  • Rompem-se “as águas”; neste caso, dirija-se imediatamente à maternidade.
  1. Conseguirei manter a calma?

A preparação para o parto insiste no papel ativo da mulher e nas vantagens que isso comporta. Mas o facto de querer participar cria-lhe um certo medo de não saber fazê-lo bem. Na verdade, a parturiente deve pensar em colaborar, mas sem exigir demasiado de si mesma, porque isto lhe causará angústia. Também não deve recear perder o controlo emocional ou fisiológico. As técnicas de relaxação que lhe ensinaram durante a gravidez ajudá-la-ão a estar mais tranquila. Talvez ajude pensar que, se todas as mulheres são capazes de dar à luz, também você o conseguirá. Na realidade, trata-se de um fenómeno natural, para o qual todas as fêmeas são dotadas.

  1. Tenho medo da anestesia epidural

Muitas grávidas revelam algum receio relativamente à injeção epidural. Porém, este receio não tem nenhum fundamento, pois qualquer especialista em anestesia é capaz de aplicar a injeção sem perigo. A picada, em si mesma, dói menos do que uma contração.

Também muitas grávidas revelam preocupação relativamente à dose de anestesia e aos possíveis riscos para a criança. Esta anestesia é tão segura para a mulher como para o seu filho, embora, nalguns casos, ela esteja contraindicada – por exemplo, se a mulher tem problemas de coagulação, febre, epilepsia, meningite ou alterações da coluna vertebral. Mas, regra geral, é uma anestesia muito segura, que lhe permitirá colaborar com o médico e a parteira, acompanhando todo o processo acordada, sem sofrer nenhum tipo de dor.

  1. E se não consigo chegar a tempo ao hospital?

Esse tipo de partos de urgência aparecem muito no cinema, mas são pouco frequentes na realidade. De qualquer modo, ficará mais tranquila se souber como atuar, no caso – muito remoto – de lhe acontecer a si. Fale com o seu médico e peça-lhe que ele lhe explique o procedimento a seguir.

  1. Devo preocupar-me com a episiotomia?

São muitos as maternidades onde se pratica a episiotomia de forma rotineira, para evitar rasgões no períneo, no momento da expulsão. Porém, continua a ser motivo de discussão se se deve fazer em todos os casos. A grande maioria dos médicos efetuam este corte, sobretudo nas mulheres primíparas, para aumentar o orifício vaginal e facilitar a saída do bebé. Com isso, evita-se o rasgar descontrolado do tecido. Aconselhamos a abordar este tema com o obstetra, antes do parto. De qualquer forma, não tema a dor. A incisão realiza-se sob anestesia e não notará nada. A recuperação, após sutura, também costuma ser fácil.

  1. E se tiver de ser submetida a uma cesariana de urgência?

Para que o parto progrida, é preciso que as contrações dilatem o colo do útero, que o bebé tenha um tamanho aceitável, que esteja na posição adequada e que a pélvis materna permita a passagem. Se algum destes requisitos falha, o médico optará por uma cesariana, para evitar riscos.

Há casos – pélvis estreita – em que a mãe pode saber com antecedência. Outras vezes – dilatação insuficiente, por exemplo –, a decisão é tomada já depois de iniciado o parto.

Embora do ponto de vista técnico se trate de uma cirurgia maior, a cesariana é quase tão segura para a mãe como o parto vaginal e, em determinados casos, é a melhor escolha para o bebé. A anestesia poderá ser epidural, na maioria das vezes, mas se o tempo urge e a criança tiver de ser extraída imediatamente, a anestesia será geral. Em qualquer caso, não deve temer o parto cirúrgico.

Dirija-se para a maternidade, com urgência, se…

  • Sangrar como se tivesse o período;
  • Romperam-se as águas e o líquido amniótico não é transparente, esbranquiçado ou rosado;
  • Não sente os movimentos do bebé, durante mais de 24 horas.

 

Parto induzido: quando e porquê?

Embora o ideal seja que o parto se desenvolva segundo a disposição do organismo da mulher, o certo é que um em cada três nascimentos necessitam de uma pequena ajuda. Nalguns casos, há que intervir rapidamente, através de uma cesariana, mas noutros, pode simplesmente induzir-se o parto, se o médico considerar que tanto a mãe como o bebé podem suportá-lo. Estes casos costumam ser os seguintes:

  • Quando a dilatação é muito débil ou para;
  • Quando existe alguma dúvida sobre o bem-estar do feto;
  • Quando a placenta não funciona perfeitamente;
  • Quando se rompeu a bolsa das águas prematuramente;
  • Se a mãe é diabética e se prevê que o bebé vai ser muito grande;
  • Nos casos de pré-eclampsia ou de hipertensão arterial da mãe.

O método para induzir o parto costuma ser a oxitocina, uma hormona que o organismo da mãe produz de forma natural. Administrada por via intravenosa, a oxitocina atua de forma semelhante à natural, conseguindo que se regulem as contrações e que, portanto, estas sejam mais eficazes.