As dores nas costas podem ter várias razões. No entanto, a atividade laboral pode ser uma das causas mais prováveis, sem que, muitas vezes, nos apercebamos disso. Um estudo publicado em 2016, pela North American Spine Society (NASS), aponta as profissões que mais riscos acarretam para a coluna vertebral.

 

O problema que mais atinge os trabalhadores é a lombalgia, muitas vezes relacionada com o “sedentarismo, sobrecarga de pesos, predisposição genética, má postura ou excesso de peso corporal”, explica o Dr. Luís Teixeira, médico ortopedista e presidente da Spine Matters, uma associação sem fins lucrativos. O especialista em patologia da coluna alerta, assim, para “os movimentos automáticos ou repetidos, o número de horas sentado ou em pé, a posição em que trabalha ou algumas especificidades laborais que podem contribuir para problemas de coluna e, desta forma, originar alterações dos ângulos da bacia e da coluna, gerando dores, lesões degenerativas e outros problemas”.

Existem profissões de maior risco, tal como revelam os diversos estudos publicados nos últimos anos em vários jornais e revistas científicas. Contudo, é importante perceber que existem algumas medidas preventivas para evitar danos irreversíveis, já que a mudança de trabalho pode não ser uma opção.

1) MOTORISTAS

As profissões que obrigam o trabalhador a passar várias horas atrás de um volante são, talvez, as mais problemáticas para a coluna. Motoristas de camiões e até condutores de empresas car-sharing passam demasiado tempo sentados, em posições inadequadas e, muitas vezes, têm também de carregar com excesso de peso de bagagens e mercadorias.

É possível reverter a situação, se o profissional tiver alguns cuidados antes de iniciar a viagem. “Ajustar o banco a um ângulo de 100 graus para evitar que as costas estejam mal posicionadas e sentar-se perto o suficiente do volante para garantir que os cotovelos e joelhos estão ligeiramente fletidos”, é a recomendação do Dr. Luís Teixeira. “E utilizar também uma almofada para dar um apoio extra à zona lombar”.

2) DENTISTAS E CIRURGIÕES

Além de passarem demasiado tempo na mesma posição, os dentistas e cirurgiões têm de mudar várias vezes a posição do pescoço, virando e torcendo a região cervical, provocando imensa pressão na coluna. É por isso que muitos destes clínicos sofrem, desde muito cedo, problemas nas costas e no pescoço.

Contudo, o ortopedista garante que “é possível reverter a situação através da utilização de sistemas de iluminação e ampliação, permitindo um campo de visão mais próximo do médico, possibilitando o relaxamento do pescoço e evitando, deste modo, a sobrecarga destas articulações. No caso dos dentistas, devem utilizar cadeiras com apoios para os braços, de forma a garantir maior suporte aos membros superiores, evitando esforços exagerados” .

3) TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Pesos, maquinaria pesada e vibrações que percorrem todo o corpo são alguns dos desafios que os trabalhadores da construção civil enfrentam ao longo do dia. Os movimentos que estes operários diariamente fazem (pesos, tensões exageradas, falta de descanso) provocam demasiada pressão muscular, levando a distensões, entorses e danos mais permanentes, a longo prazo.

“Se tiver de levantar um material com mais de 20 ou 25 quilogramas, o operário deve pedir ajuda a um colega ou usar um carrinho. Há que ter muita atenção à forma como pega nos objetos e tentar distribuir o seu peso uniformemente”, aconselha Luís Teixeira.

Por outro lado, “quando o profissional trabalha com o carregamento de pesos, deve ter em consideração a forma como eleva a sua massa corporal em relação ao objeto. É importante lembrar que, quanto mais prolongado for o tempo de permanência com o peso, se a postura ao carregá-lo estiver incorreta, maiores serão os danos que poderá provocar à coluna”, acrescenta.

Leia o artigo completo na edição de junho 2019 (nº 295)