Os rastreios realizados na Semana da Malnutrição, que decorreu no passado mês de outubro e que pretendia averiguar o risco nutricional da população portuguesa com idade superior a 65 anos, permitiu concluir que 14% dos utentes rastreados encontra-se em alto risco nutricional e a necessitar de uma intervenção nutricional adequada. De salientar ainda que 1 em cada 4 indivíduos avaliados necessita de um acompanhamento mais próximo de um profissional de saúde para monitorização do estado nutricional.

De uma amostra de 117 indivíduos avaliados, todos com mais de 65 anos, cerca de 68% são do sexo feminino, tendo a análise dos resultados dos rastreios permitido concluir que 15% acusou uma perda de peso involuntária superior a 5% nos últimos 3 meses.

A malnutrição resulta de um estado de ingestão alimentar deficitária que leva a perda de peso involuntária e a alterações da composição corporal (nomeadamente perda de massa muscular), que por sua vez contribuem para uma diminuição das funções físicas e mentais e impacta negativamente a evolução da doença. A atual pandemia agravou o risco de malnutrição em Portugal, tendo aumentado a sua incidência, sendo por isso de extrema importância alertar a população para a necessidade de diagnosticar e tratar com suplementação nutricional oral adequada a todos os indivíduos que não consigam atingir as suas necessidades nutricionais através da sua ingestão habitual.

A malnutrição existe em Portugal e é reversível com um adequado e precoce suporte nutricional.

Apesar do impacto da malnutrição ainda ser desconhecido em Portugal, os números crescem diariamente na comunidade, em especial nos idosos, que devido ao isolamento, pelo constrangimento nas visitas e imobilização, reduziram a sua ingestão alimentar. A restrição de visitas durante as refeições do almoço e jantar, tanto nos lares como nos hospitais, levou a que muitos doentes ficassem sem auxílio, e muitos reduziram o seu apetite por associação ao sentimento de tristeza ao abandono.

Também a malnutrição associada à doença é uma realidade, sendo responsável por 10 a 20% das mortes em oncologia, com 30 a 70% dos doentes oncológicos a apresentarem sinais de malnutrição, o que tem um impacto direto no prognóstico e na qualidade de vida do doente – como implicações clínicas, perda de independência e morte precoce.

A falta de acessibilidade à nutrição clínica acentua desigualdades sociais, uma vez que apenas doentes com capacidade financeira, conseguem reverter a sua malnutrição no contexto ambulatório/domicílio. Há a necessidade de alertar a urgência de reembolso e comparticipação dos suplementos nutricionais orais – proporcionando aos doentes o fácil acesso aos mesmos – sem o pagamento na sua totalidade, uma vez que Portugal é dos poucos países da Europa em que não existe qualquer tipo de reembolso dos suplementos nutricionais orais.

Sinais de Malnutrição:

  • Perda de peso involuntária;
  • Perda de apetite;
  • Dificuldade em mastigar e deglutir;
  • Fadiga, Falta de energia;
  • Perda de mobilidade;
  • Dificuldade em subir escadas;
  • Quedas frequentes

 

Informações complementares

A malnutrição de doentes internados em meio hospitalar é um dos principais fatores que levam a um aumento da despesa de hospitalização, estimada em 1,3 milhões de euros ao ano. Em Portugal, cerca de 70% dos doentes internados estão malnutridos ou em risco de malnutrição. Sabe-se, atualmente, que a malnutrição é altamente prevalente em doentes internados na enfermaria e medicina interna e que um pior estado nutricional se associa, normalmente, a um pior prognóstico e a um risco aumentado de complicações em caso de doença aguda, como é o de doentes internados com SARS-COV 2 ou oncológicos.

Fonte: Nutricia