Um dos maiores fatores de risco é o colesterol. Silencioso, sem sintomas, vai debilitando lentamente a saúde até poder ser demasiado tarde. Oitenta por cento das mortes podiam ser prevenidas1e2.

Atualmente, as doenças cardiovasculares (DCV) continuam a ser a principal causa de morte a nível global. Segundo a OMS, em 2019, antes da pandemia, as DCV mataram 17,9 milhões de pessoas em todo o mundo, 32% das mortes totais3. Nesse mesmo ano, as doenças cardiovasculares representaram, ainda, cerca de 35% dos óbitos anuais nas mulheres4.

Em Portugal, o cenário é idêntico. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), uma em cada três mulheres morre devido a doenças cardiovasculares2. Contudo, conforme dados partilhados pela World Heart Federation, 80% destas mortes podem ser prevenidas através da adoção de um estilo de vida saudável, ou através de um diagnóstico e de um tratamento atempados1.

Aproveitando o Dia Internacional da Saúde da Mulher, que ocorreu no dia 28 de maio, a Prof.ª Ana Teresa Timóteo, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, relembra a importância do diagnóstico precoce, do tratamento adequado e da alteração do estilo de vida: “o impacto das doenças cardiovasculares nas mulheres não tem sido devidamente valorizado. As DCV matam mais mulheres do que homens e, em conjunto, são mais fatais do que todas as causas de cancro combinadas. Este é um problema grave. É por isso necessário sensibilizar as mulheres portuguesas para esta realidade, reforçar a importância da prevenção através da adoção de um estilo de vida saudável ou, se necessário, de um diagnóstico precoce e de um tratamento adequado”.

O estudo “e_COR – Prevalência de Fatores de Risco Cardiovasculares na População Portuguesa”, do Instituto Nacional de Saúde (INSA), revela dados claros: 68% da população apresenta dois ou mais fatores de risco para doenças cardiovasculares, mas 22% apresenta quatro ou mais5.

Os fatores de risco identificados no estudo são: diabetes, colesterol elevado, hipertensão arterial, excesso de peso e obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas5.

Colesterol, o inimigo silencioso

Apesar da mortalidade associada e das sequelas decorrentes de um acidente vascular cerebral ou de um enfarte agudo do miocárdio, as doenças cardiovasculares nas mulheres continuam a ser pouco estudadas – a subrepresentação das mulheres nos ensaios clínicos é um problema –, estão subdiagnosticadas e subtratadas6.

Um dos principais fatores de risco é o colesterol elevado1.

De acordo com o estudo “Os Portugueses e o Colesterol”, da autoria da Fundação Portuguesa da Cardiologia, mais de metade da população portuguesa (58%) desconhece os seus níveis de colesterol. Este valor é mais expressivo nos jovens entre os 15 e os 24 anos – 90% –, e vai descendo com o avanço da idade até aos 48% na faixa etária dos 65 e mais anos7.

A Profª Ana Teresa Timóteo insiste na “importância de as mulheres serem mais proativas na proteção da sua saúde cardiovascular, com uma especial atenção ao colesterol, realizando análises periodicamente, e adotando hábitos e estilos de vida saudáveis. Nunca é tarde para começar a prevenir. Mas, um dia, pode ser tarde de mais para quem não se importa ou acredita que só acontece às outras pessoas.”

 

Referências: